APRESENTAÇÃO

Este portal é fruto da Plenária dos Movimentos de Base realizado no Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT), nos dias 05 e 06 de junho de 2010 na cidade de Santos. O Fórum tem como objetivo organizar a luta dos trabalhadores pela base e por isso se constitui com ativistas, militantes, oposições e organizações por local de trabalho, estudo e moradia. Suas ações são pautadas no classismo e na solidariedade de classe, de modo a romper o legalismo e o corportivismo. Tal Fórum compreende a necessidade de um movimento de oposição pela base que seja anti-governista, combativo e classista, ou seja, não concilie com o governismo e lute pelo fim da estrutura sindical (imposto sindical, carta sindical e unicidade sindical).

“A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores”

terça-feira, 27 de julho de 2010

Balanço da Reunião da Conlutas no RJ - Por LBI

Enviado por TRS

REUNIÃO DA “CENTRAL SINDICAL E POPULAR”

Uma “nova” Conlutas refém da velha política de colaboração de classes e do eleitoralismo



Entre os dias 23 a 25 de julho ocorreu no Rio de Janeiro, no auditório do Sindsprev, a plenária da coordenação nacional da chamada “central sindical e popular fundada no Conclat”. Mais de 250 pessoas entre delegados e observadores estiveram presentes ao encontro, a esmagadora maioria ligada a entidades controladas pelo PSTU, que desejava mostrar força na primeira reunião nacional após a implosão do autodenominado “congresso de unificação” de Santos.

Além da LBI estavam presentes as correntes políticas UNIPA, LER, LSR (PSOL), Espaço Socialista, os grupos regionais GAS e Conspiração Socialista e o próprio MTL (PSOL), que dirige o Sindsprev-RJ, sede do encontro e o mais fiel parceiro do PSTU no comando na “nova central”.

Como já é comum nas discussões no interior da Conlutas, nos pontos de análise de conjuntura nacional e internacional houve um amplo acordo político entre as correntes que intervieram no debate, a exceção da LBI. Do PSTU, passando pela LER e chegando até ao MTL e LSR, todo esse arco revisionista defende que a próxima gestão da frente popular capitaneada por Dilma Rousseff, no chamado período “pós-Lula”, será um governo frágil e imerso em crise. Depois de ficarem viúvas da ilusão que a crise econômica desatada com o crash de 2008 levaria ao fim do capitalismo mundial, essas correntes, diante da certa eleição da candidata do PT a presidente, uma expressão da força da frente popular e da estabilização do regime e não de sua bancarrota política e econômica, como previam esses catastrofistas, agora “prognosticam” o próximo governo de colaboração de classes como débil e fraco pela ausência da figura de Lula a frente do Palácio do Planalto.

Conforme alertou o companheiro Érico Cardoso intervindo no plenário da reunião nacional representando a LBI, esquecem esses impressionistas que a frente popular e seus aliados (PT, PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PR e as pequenas legendas governistas) sairão das eleições presidenciais e estaduais extremamente fortalecidos, tanto para cargos executivos como parlamentares. Os partidos governistas contarão ainda com o plus da subserviência das direções “chapa-branca” do movimento operário (CUT, CTB, Força Sindical, CGTB e Nova Central), que trabalhando de forma unificada, como vimos na Conclat do Pacaembu, estarão ainda mais corrompidas e domesticadas na próxima gestão da centro-esquerda burguesa no país.

O ponto de maior polêmica ocorreu, porém, quando se debateu o balanço do Conclat de Santos e as chamadas “perspectivas da reorganização sindical e popular”. Como se tratou de uma discussão que envolve o futuro dos aparatos sindicais, os porta-vozes informais do setor capitaneado pela Intersindical no interior da “central sindical e popular fundada no Conclat” logo se fizeram ouvir. Esse papel foi assumido fundamentalmente pelo chamado Bloco de Resistência Socialista (BRS), dirigido pelo LSR (PSOL) e por setores do MTST. Ambos exigiram da direção do PSTU um “recuo em nome do diálogo”, propondo que não se definisse ali nem o nome da nova entidade, nem seu funcionamento e muito menos seu estatuto, priorizando as negociações de cúpula com a Intersindical sobre a base das condições que estes lançaram na plenária que fizeram conjuntamente com a Unidos para Lutar (CST/FOS) e outros setores. Como elemento de chantagem, o BRS anunciou que as entidades ligadas a ele, como a Federação Nacional dos Trabalhadores Gráficos, não iriam mais contribuir financeiramente com a “nova entidade” enquanto não houvesse uma unificação entre os setores rompidos em Santos.

A direção do PSTU, ancorada no apoio do MTL, manteve sua posição de definir o nome e funcionamento da nova entidade, inclusive defendendo que essa se denominasse “Conlutas – Central Sindical e Popular”. Zé Maria, Cacau, Mancha e Antenágoras alegaram que tinham feito todos os esforços para uma repactuação, mas a Intersindical e a Unidos para Lutar negaram essa possibilidade. Esses setores capitaneados pela Intersindical inclusive já discutem com o PCB e a ASS a possibilidade criação de uma entidade para barganhar com a Conlutas e o PSTU uma reunificação futura, depois das eleições, em melhores condições.

Na decisão tomada pelo PSTU pesou seus próprios apetites de aparato, já que sua direção deseja ver reconhecida a nova central pelo Ministério do Trabalho, para garantir verbas, estabilidade e liberação para seus burocratas sindicais, assim como a posição da ANDES, que fragilizada diante da criação pelo governo do PROIFES, deseja estar ligada a uma central reconhecida formalmente pelo Estado, a Conlutas, hoje a entidade no campo da fragmentada “oposição de esquerda” em um estágio mais avançado de organização para conseguir cumprir as draconianas condições ditadas pela legislação burguesa.

Nesse debate, afora os setores que defenderam a aceitação total ou parcial das condições ditadas pela Intersindical (BSR, MTST, Terra Livre, Espaço Socialista), os demais grupos regionais (GAS, Conspiração) e as correntes políticas seguiram a linha política traçada pelo PSTU. Limitaram-se a apoiar a proposta de realização do 10 de Agosto como dia nacional de luta. Este dia está sendo convocado com um eixo extremamente rebaixado e, na verdade, é uma “iniciativa” distracionista para encobrir a crise eleitoral e sindical em que está submersa a moribunda “oposição de esquerda”.

O companheiro Marco Antônio interveio neste ponto para esclarecer que a LBI considerava que a entidade que estava sendo criada naquele momento se estruturava política e organizativamente à direita do que havia sido a Conlutas. Bastava ver que o MTL, rompido com a central desde 2008, antes do Congresso de Betim, quando saiu acusando o PSTU de anti-chavista e aparelhista, agora retorna a entidade na qualidade de grande aliado do... PSTU. O mesmo MTL, cujo dirigente máximo Martiniano Calvalcante foi o maior defensor do apoio do PSOL a Marina Silva e que continua assessorando Heloísa Helena em sua campanha para o Senado em Alagoas, com esta fazendo dobradinha com a candidata burguesa do PV e negando-se a apoiar Plínio de Arruda Sampaio, o presidenciável do próprio PSOL!!!

A verdadeira “folha corrida” do MTL não impediu o PSTU não só de intervir em bloco com esses oportunistas no Conclat e na reunião nacional do Rio de Janeiro, como os morenistas
acabam de selar uma esdrúxula aliança eleitoral com o MTL em Goiás, onde o PSOL é controlado pessoalmente por Martiniano Cavalcante. Washington Fraga, candidato a governador da frente PSOL-PSTU em Goiás, militante do MTL, ao melhor estilo de Heloísa Helena, defende pérolas como “uma plataforma ética, contemporânea, republicana, democrática e socialista para dialogar com a sociedade civil”. (http://washingtonfraga.blogspot.com/.)

Por fim, a LBI defendeu a construção de um pólo classista na Conlutas, que atue como fração pública na nova entidade, contra a política de colaboração de classes da sua direção e em defesa da democracia operária. Pretendemos, junto com outros agrupamentos políticos, sindicatos classistas, oposições combativas e ativistas de base independentes impulsionar uma plenária nacional dos setores classistas e revolucionários para organizar a luta por uma alternativa de direção dentro da própria Conlutas e para além dela, na base do movimento operário, popular e estudantil, com o objetivo de preparar a luta contra Lula e o novo governo da frente popular que se avizinha.

www.lbiqi.org

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