APRESENTAÇÃO

Este portal é fruto da Plenária dos Movimentos de Base realizado no Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT), nos dias 05 e 06 de junho de 2010 na cidade de Santos. O Fórum tem como objetivo organizar a luta dos trabalhadores pela base e por isso se constitui com ativistas, militantes, oposições e organizações por local de trabalho, estudo e moradia. Suas ações são pautadas no classismo e na solidariedade de classe, de modo a romper o legalismo e o corportivismo. Tal Fórum compreende a necessidade de um movimento de oposição pela base que seja anti-governista, combativo e classista, ou seja, não concilie com o governismo e lute pelo fim da estrutura sindical (imposto sindical, carta sindical e unicidade sindical).

“A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores”

terça-feira, 27 de julho de 2010

Balanço da Reunião da Conlutas no RJ - Por LBI

Enviado por TRS

REUNIÃO DA “CENTRAL SINDICAL E POPULAR”

Uma “nova” Conlutas refém da velha política de colaboração de classes e do eleitoralismo



Entre os dias 23 a 25 de julho ocorreu no Rio de Janeiro, no auditório do Sindsprev, a plenária da coordenação nacional da chamada “central sindical e popular fundada no Conclat”. Mais de 250 pessoas entre delegados e observadores estiveram presentes ao encontro, a esmagadora maioria ligada a entidades controladas pelo PSTU, que desejava mostrar força na primeira reunião nacional após a implosão do autodenominado “congresso de unificação” de Santos.

Além da LBI estavam presentes as correntes políticas UNIPA, LER, LSR (PSOL), Espaço Socialista, os grupos regionais GAS e Conspiração Socialista e o próprio MTL (PSOL), que dirige o Sindsprev-RJ, sede do encontro e o mais fiel parceiro do PSTU no comando na “nova central”.

Como já é comum nas discussões no interior da Conlutas, nos pontos de análise de conjuntura nacional e internacional houve um amplo acordo político entre as correntes que intervieram no debate, a exceção da LBI. Do PSTU, passando pela LER e chegando até ao MTL e LSR, todo esse arco revisionista defende que a próxima gestão da frente popular capitaneada por Dilma Rousseff, no chamado período “pós-Lula”, será um governo frágil e imerso em crise. Depois de ficarem viúvas da ilusão que a crise econômica desatada com o crash de 2008 levaria ao fim do capitalismo mundial, essas correntes, diante da certa eleição da candidata do PT a presidente, uma expressão da força da frente popular e da estabilização do regime e não de sua bancarrota política e econômica, como previam esses catastrofistas, agora “prognosticam” o próximo governo de colaboração de classes como débil e fraco pela ausência da figura de Lula a frente do Palácio do Planalto.

Conforme alertou o companheiro Érico Cardoso intervindo no plenário da reunião nacional representando a LBI, esquecem esses impressionistas que a frente popular e seus aliados (PT, PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PR e as pequenas legendas governistas) sairão das eleições presidenciais e estaduais extremamente fortalecidos, tanto para cargos executivos como parlamentares. Os partidos governistas contarão ainda com o plus da subserviência das direções “chapa-branca” do movimento operário (CUT, CTB, Força Sindical, CGTB e Nova Central), que trabalhando de forma unificada, como vimos na Conclat do Pacaembu, estarão ainda mais corrompidas e domesticadas na próxima gestão da centro-esquerda burguesa no país.

O ponto de maior polêmica ocorreu, porém, quando se debateu o balanço do Conclat de Santos e as chamadas “perspectivas da reorganização sindical e popular”. Como se tratou de uma discussão que envolve o futuro dos aparatos sindicais, os porta-vozes informais do setor capitaneado pela Intersindical no interior da “central sindical e popular fundada no Conclat” logo se fizeram ouvir. Esse papel foi assumido fundamentalmente pelo chamado Bloco de Resistência Socialista (BRS), dirigido pelo LSR (PSOL) e por setores do MTST. Ambos exigiram da direção do PSTU um “recuo em nome do diálogo”, propondo que não se definisse ali nem o nome da nova entidade, nem seu funcionamento e muito menos seu estatuto, priorizando as negociações de cúpula com a Intersindical sobre a base das condições que estes lançaram na plenária que fizeram conjuntamente com a Unidos para Lutar (CST/FOS) e outros setores. Como elemento de chantagem, o BRS anunciou que as entidades ligadas a ele, como a Federação Nacional dos Trabalhadores Gráficos, não iriam mais contribuir financeiramente com a “nova entidade” enquanto não houvesse uma unificação entre os setores rompidos em Santos.

A direção do PSTU, ancorada no apoio do MTL, manteve sua posição de definir o nome e funcionamento da nova entidade, inclusive defendendo que essa se denominasse “Conlutas – Central Sindical e Popular”. Zé Maria, Cacau, Mancha e Antenágoras alegaram que tinham feito todos os esforços para uma repactuação, mas a Intersindical e a Unidos para Lutar negaram essa possibilidade. Esses setores capitaneados pela Intersindical inclusive já discutem com o PCB e a ASS a possibilidade criação de uma entidade para barganhar com a Conlutas e o PSTU uma reunificação futura, depois das eleições, em melhores condições.

Na decisão tomada pelo PSTU pesou seus próprios apetites de aparato, já que sua direção deseja ver reconhecida a nova central pelo Ministério do Trabalho, para garantir verbas, estabilidade e liberação para seus burocratas sindicais, assim como a posição da ANDES, que fragilizada diante da criação pelo governo do PROIFES, deseja estar ligada a uma central reconhecida formalmente pelo Estado, a Conlutas, hoje a entidade no campo da fragmentada “oposição de esquerda” em um estágio mais avançado de organização para conseguir cumprir as draconianas condições ditadas pela legislação burguesa.

Nesse debate, afora os setores que defenderam a aceitação total ou parcial das condições ditadas pela Intersindical (BSR, MTST, Terra Livre, Espaço Socialista), os demais grupos regionais (GAS, Conspiração) e as correntes políticas seguiram a linha política traçada pelo PSTU. Limitaram-se a apoiar a proposta de realização do 10 de Agosto como dia nacional de luta. Este dia está sendo convocado com um eixo extremamente rebaixado e, na verdade, é uma “iniciativa” distracionista para encobrir a crise eleitoral e sindical em que está submersa a moribunda “oposição de esquerda”.

O companheiro Marco Antônio interveio neste ponto para esclarecer que a LBI considerava que a entidade que estava sendo criada naquele momento se estruturava política e organizativamente à direita do que havia sido a Conlutas. Bastava ver que o MTL, rompido com a central desde 2008, antes do Congresso de Betim, quando saiu acusando o PSTU de anti-chavista e aparelhista, agora retorna a entidade na qualidade de grande aliado do... PSTU. O mesmo MTL, cujo dirigente máximo Martiniano Calvalcante foi o maior defensor do apoio do PSOL a Marina Silva e que continua assessorando Heloísa Helena em sua campanha para o Senado em Alagoas, com esta fazendo dobradinha com a candidata burguesa do PV e negando-se a apoiar Plínio de Arruda Sampaio, o presidenciável do próprio PSOL!!!

A verdadeira “folha corrida” do MTL não impediu o PSTU não só de intervir em bloco com esses oportunistas no Conclat e na reunião nacional do Rio de Janeiro, como os morenistas
acabam de selar uma esdrúxula aliança eleitoral com o MTL em Goiás, onde o PSOL é controlado pessoalmente por Martiniano Cavalcante. Washington Fraga, candidato a governador da frente PSOL-PSTU em Goiás, militante do MTL, ao melhor estilo de Heloísa Helena, defende pérolas como “uma plataforma ética, contemporânea, republicana, democrática e socialista para dialogar com a sociedade civil”. (http://washingtonfraga.blogspot.com/.)

Por fim, a LBI defendeu a construção de um pólo classista na Conlutas, que atue como fração pública na nova entidade, contra a política de colaboração de classes da sua direção e em defesa da democracia operária. Pretendemos, junto com outros agrupamentos políticos, sindicatos classistas, oposições combativas e ativistas de base independentes impulsionar uma plenária nacional dos setores classistas e revolucionários para organizar a luta por uma alternativa de direção dentro da própria Conlutas e para além dela, na base do movimento operário, popular e estudantil, com o objetivo de preparar a luta contra Lula e o novo governo da frente popular que se avizinha.

www.lbiqi.org

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Avaliações dos Delagados de Base da Cultura-RJ e da ASSINES.

De qual unidade precisamos?

Contribuição para uma avaliação do II Congresso da CONLUTAS e do Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), Santos/SP, junho de 2010

A Associação dos Servidores do INES/Seção Sindical (Assines-SSind) divulgou o II Congresso da Conlutas e o Conclat na sua base, incentivou a discussão das teses apresentadas, convocou uma Assembléia, promoveu um debate e, por fim, enviou alguns delegados que participaram ativamente de todas as discussões travadas em Santos. Neste sentido, face aos acontecimentos que já são de amplo conhecimento, esta Associação – sabedora de que há ainda muito a ser feito, especialmente no sentido de aprofundar esse debate com suas bases – visa contribuir agora para as tarefas que se colocam para o nosso Sindicato e para os demais sindicatos combativos, assim como para todos os militantes da Classe Trabalhadora.

Considerando que:

1) A Coordenação Nacional de Lutas (CONLUTAS) foi uma Central Sindical e Popular criada a partir do I Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONAT), realizado em Sumaré/SP em maio de 2006, do qual participaram cerca de 2.700 delegados dos mais de 3.500 eleitos na base, para lutar contra os patrões e o governo Lula/PT (representando a continuidade das políticas neoliberais), e que, para isso, também deveria combater as centrais sindicais pelegas e governistas;

2) A Conlutas, após participar ativa e corajosamente de importantes lutas da classe trabalhadora brasileira, especialmente nos primeiros anos de sua fundação, passou por um processo de dissolução nos últimos anos em prol da criação de uma nova Central com outros setores, em especial, com a Intersindical, que negava se integrar à Conlutas e que congregava uma série de grupos, alguns dos quais ainda ligados à CUT;

3) Neste ano, foi convocado um amplo Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat) no qual se iria acabar com a Conlutas e se criar uma nova Central, com a presença de uma parte desses setores;

4) Apesar das várias divergências políticas a respeito deste processo e das limitações indicadas a seguir, centenas de entidades de trabalhadores compareceram ao Conclat e seus cerca de 3.100 delegados votaram pela criação de uma nova Central, sendo que, na votação a respeito do nome da nova entidade, alguns setores se retiraram da Plenária, o que deu origem a novas divergências e a um novo processo de disputa a respeito dos rumos do movimento e da direção da nova central que se denominou, em votação, Conlutas-Intersindical: Central Sindical e Popular.

Avaliamos que:

1) O debate e a mobilização para a criação desta nova central não foram tão amplos em relação à tarefa que está colocada para a Classe Trabalhadora na conjuntura atual e, salvo algumas poucas exceções, ainda não chegou às bases das entidades, aos locais de trabalho e à grande massa desorganizada dos trabalhadores;

2) Os critérios estipulados antes e ao longo do processo de criação da nova central acabaram por cercear a discussão e reproduzir práticas que os setores classistas e combativos do movimento sindical denunciam há décadas, como foi o caso dos altos preços cobrados para a participação; dos observadores não terem direito à voz e, por fim, sua quase expulsão do Plenário; o caráter acessório que foi atribuído aos grupos de discussão, que não levaram muitas propostas ao Plenário; apesar da discussão de algumas questões importantes, especialmente do ponto de vista organizativo (caráter da central, composição de sua direção, etc), outras discussões centrais foram deixadas de lado (como de programa e estratégias de luta) em detrimento de outras questões (nome);

3) A nova Central nasce dividida e a maneira como ela se formou e como vem se dando a disputa pela sua direção, ao invés de fortalecer, está enfraquecendo a luta por uma verdadeira unidade da classe trabalhadora e a torna um instrumento muito débil para dar o devido enfrentamento aos patrões, ao governo e às centrais pelegas e governistas, tal como se verifica nas notas de avaliação divulgadas após o Conclat, que foram assinadas pelas mesmas entidades que se propuseram antes a se unificar e que, teoricamente, teriam se dissolvido (parte da Intersindical e Conlutas), assim como na recente Nota em que a Secretaria eleita em Congresso assina como “Secretaria Executiva Nacional (Provisória) da Central Sindical e Popular fundada no Conclat” e retira a “Intersindical” do nome;

4) A unidade que deve ser defendida pelos lutadores é a unidade daqueles que querem lutar, ou seja, daqueles que fazem o combate intransigente frente ao governo Lula/PT e às suas centrais coligadas: CUT, CTB e demais centrais pelegas;

5) A luta por esta verdadeira unidade se dará a partir da base, com a organização dos trabalhadores em entidades e oposições combativas contra os governistas da CUT, CTB, Força Sindical, etc, que organizem todos os trabalhadores a partir dos seus locais de trabalho e lutem efetivamente contra os patrões e as direções vendidas dos sindicatos patronais e/ou governistas a partir de greves gerais, estratégias combativas de luta e de uma agenda anti-governista de lutas;

6) Essa unidade, portanto, só será possível caso os militantes que atenderam ao chamado da antiga Conlutas e, agora, da “Central Sindical e Popular fundada no Conclat” venham a defender e a lutar intransigentemente contra as centrais pelegas e governistas, o que significa, na prática, fazer o trabalho de base – formar, organizar e fortalecer estas oposições na base, assim como defender uma agenda anti-governista de lutas das diversas categorias frente aos patrões, buscando unificar as lutas da classe contra a fragmentação e a falsa “unidade dos trabalhadores” defendida pela CUT e demais centrais pelegas;

7) Essa é a única maneira de fazer com que essa nova Central – que devemos lutar para construir – se apresente como um instrumento eficaz de luta e como uma verdadeira alternativa de direção para a classe trabalhadora.

Rio de Janeiro, 23 de junho de 2010.

Assines-SSind



Caros Culturais,

No feriadão de Corpus Christi (3 a 6 de junho), foi realizado o 2o Congresso da Conlutas e, logo após, o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). A pretensão dos congressos era reorganizar a classe trabalhadora para as lutas sociais em resposta a opção da CUT e das demais centrais sindicais em defender uma pauta governista-empresarial. Para isso, um dos objetivos seria fundar uma nova central que se constituísse em um pólo alternativo, ancorado em um programa anticapitalista, antiimperialista e socialista. Por mais que esse debate já venha ocorrendo há mais de um ano, entendemos que os congressos não deveriam se restringir somente em referendar posições já tomadas anteriormente, como observamos anteriormente, mas sim priorizar o confronto de ideias em vez dos acordos firmados entre as cúpulas partidárias. Nesse sentido, classificamos como insatisfatória a organização e o tempo destinado às mesas e grupos de discussão, em detrimento de mesas de aberturas intermináveis e eventos reservados ao lançamento de candidaturas eleitorais.

As principais deliberações do Congresso da Conlutas foram: 1) a fusão da Conlutas com a Intersindical criando uma nova entidade que reunisse todas as entidades, especialmente as sindicais em torno de uma nova central da classe trabalhadora; 2) que esta Central reunisse o movimento sindical e popular, mais os estudantes e movimentos de opressão sob o limite de 5% de participação; 3) o nome da nova central seria Conlutas-Intersindical.

Nos dias 5 e 6 de junho, foi a vez do Conclat, evento que reuniu o dobro de participantes em relação ao evento anterior, contando com cerca de 4000 inscritos, entre delegados e observadores. Vinte teses foram apresentadas e entre os princípios pautados constaram a ação direta dos trabalhadores em luta, a independência em relação ao Estado e ao patronato, o internacionalismo, a unidade e a democracia proletária. Dentre os principais pontos de discussão, versaram sobre a estratégia das forças de esquerda para as eleições, o caráter e o nome da nova central e a eleição da direção. Em relação ao princípio da independência em relação ao Estado e ao patronato, cabe destacarmos que embora ele estivesse presente no debate, em momento algum foi discutida a recusa pela nova entidade do recolhimento do imposto sindical obrigatório, que inviabiliza qualquer autonomia frente ao Estado.

1) Estratégia da esquerda: o debate foi centralizado na discussão se a nova central deveria defender e apoiar uma frente de esquerda entre PSOL, PSTU e PCB repetindo a aliança conformada em 2006 (defendida por setores ligados ao PSOL) ou denunciar as candidaturas que representam os interesses governista-empresariais, não defendendo nenhum apoio específico aos candidatos da esquerda (Plínio de Arruda Sampaio – PSOL; Zé Maria – PSTU; Ivan Pinheiro – PCB), saindo, apenas, com uma plataforma de reivindicações a ser apresentados a estes. A segunda tese, defendida majoritariamente pelo PSTU, saiu vencedora sob o argumento de que a pulverização em três candidaturas com programas diferenciados, inviabilizaria a repetição da Frente.

2) Caráter da nova central: o entendimento dos delegados é de que a central será composta por sindicatos, movimentos populares, estudantes e movimentos de opressão, restando aos dois últimos um percentual máximo de 5% nas deliberações da entidade. Esta posição foi duramente debatida, pois havia posicionamentos múltiplos a essa questão, em especial a crítica à participação estudantil numa entidade de trabalhadores e a crítica ao limite imposto de 5% sobre sua participação nos processos decisórios.

3) Nome da central: este ponto foi aquele em que ocorreu a maior divergência no congresso, provocando uma ruptura das correntes políticas Intersindical, Movimento Avançado Sindical e Unidos para lutar, que não concordaram com o nome aprovado pela maioria dos delegados “Conlutas-Intersindical - Central Sindical e Popular”. Entendemos que o que as correntes mencionadas acima, ligadas ao PSOL e movimentos populares, não queriam de fato era carregar um “fardo” (o nome “Conlutas) já que se sentem ameaçadas de serem conduzidas pela política partidária do PSTU; Sob o argumento de que o nome Intersindical representaria uma síntese das lutas dos últimos anos, o setor majoritário da Conlutas, conduzido pelo PSTU, inoportunamente, mesmo sob diversos pedidos contrários, que sugeriam nomes não vinculados a nenhuma corrente política.

Qual o pano de fundo? A nós, entendemos como inaceitável restringir o debate a uma polêmica de menor porte. Vale ressaltar que debates fundamentais (recolhimento do imposto sindical, trabalho de base realizado pela nova central, construção de movimentos unificados) ficaram pelo caminho. Repetindo o Congresso da Conlutas em 2008, mais uma vez o maior evento do campo sindical de esquerda não delibera por uma plataforma concreta de lutas. Também nos preocupa a falta de um rompimento concreto com a CUT, em defesa da manutenção de uma política de alianças pontuais com os setores pelegos e governistas, sob o argumento de que é preciso disputar os trabalhadores filiados à CUT. Essa tática de “unidade de ação” tem se mostrado equivocada na medida em que dificulta a diferenciação clara de quem é quem no cenário político, permitindo que as forças políticas ligadas ao governo Lula e o empresariado se recomponham e realizem uma blindagem das bandeiras e encaminhamentos da luta em favor do governo.

Foi eleita uma direção com 21 componentes que funcionará em caráter provisório até a próxima reunião daqui a dois meses, tempo em que será realizada uma convocação para que as correntes rompidas recomponham a organização.

Balanço final. Apesar do tom pessimista passado ao longo do texto, especialmente pela incapacidade das correntes de esquerda em se reorganizarem em torno de um projeto unificado de luta em favor da classe trabalhadora, compreendemos que esta reorganização de forma alguma passa por retroceder politicamente em torno de entidades, especialmente a CUT, que praticam uma política apodrecida e entregue aos ditames governista-empresariais. Apontamos para o aprofundamento das discussões nas bases como estratégia que sintetize uma fusão que não se conforme artificialmente por meio de palavras de ordem, mas por uma vontade coletiva que seja fruto da necessidade concreta de uma nova ferramenta de luta dos trabalhadores.

Bruno Gawryszewski (Escola Nacional de Circo)
Izabel Costa (FUNARTE)
Delegados eleitos pela base da Cultura no Rio de Janeiro

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Avaliações

Camaradas, estou enviando abaixo um apanhado geral de algumas notas e avaliações lançadas em relação aos Congressos da Conlutas e CONCLAT. Tentei reunir as notas das correntes hegemônicas e das que realizaram o racha no congresso e outras de grupos que participaram de nosssa Plenária de Movimentos de Oposição e ainda outras fáceis de achar publicadas na net.



LIQUIDAÇÃO DA CONLUTAS E FRACASSO DO CONCLAT: O DESTINO DO OPORTUNISMO É A DERROTA DA CLASSE

UNIPA – União Popular Anarquista

Nos dias 03 e 04 de junho aconteceu o II congresso nacional da CONLUTAS e, nos dias 05 e 06 houve o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora - CONCLAT, este último convocado para a unificação da CONLUTAS com a INTERSINDICAL. O resultado final de ambos os congressos foi um retumbante fracasso. Infelizmente, tal fracasso não foi apenas o dos objetivos oportunistas de PSOL e PSTU, também foi uma derrota da classe trabalhadora em relação às tarefas organizativas essenciais que precisamos cumprir para fazer frente ao governismo, que impõe a apatia e o imobilismo aos trabalhadores com o objetivo de facilitar a deterioração das nossas condições de trabalho e o ataque de governos e patrões aos nossos direitos.

A UNIPA combateu e combate o oportunismo do PSTU, setor majoritário da falecida CONLUTAS.[i] A exatamente 4 anos atrás nós afirmávamos:

“...a nova central (CONLUTAS) deve ser entendida como o grande campo anti-governista do Brasil e, como tal, deve ser disputada pelos revolucionários, para que o oportunismo eleitoral e as tendências burocratizantes do campo majoritário não prevaleçam.A tarefa agora é consolidar a CONLUTAS enquanto entidade representante do setor anti-governista da classe trabalhadora, para isso sua construção pela base tem que ser fomentada. Portanto, se faz necessária a construção de uma política efetiva de atração das demais frações do proletariado brasileiro. Ao mesmo tempo é urgente o estímulo a organização das oposições sindicais dos setores privados.” (CONAT: A construção da Central do proletariado Brasileiro. In: Causa do Povo, 25, junho/julho 2006. Encontrado: www.uniaoanarquista.org)

Infelizmente, as tendências burocratizantes que combatíamos levaram o PSTU muito precocemente à uma política de liquidação da CONLUTAS para adequar-se às exigências chantagistas de setores do PSOL que se negaram a romper com o governismo no movimento sindical/popular. Assim, viu-se uma CONLUTAS, guiada por seu setor majoritário, que abdicou de todas as tarefas essenciais para sua consolidação, como a construção pela base, a organização das oposições sindicais e a integração das frações mais exploradas do proletariado. Indo justamente contra as tarefas que deveria cumprir, o setor majoritário insistiu no chamamento da INTERSINDICAL para-governista para integrar-se ao projeto, mesmo tendo consciência que isto acabaria com o caráter anti-governista que era fundamental para a CONLUTAS.

A exclusão dos trabalhadores pelo setor majoritário da CONLUTAS.

Desde o início das negociatas entre PSTU e PSOL, em curso desde 2006, para se fazer a fusão, nós indicamos que tal método cupulista era extremamente danoso para o desenvolvimento da CONLUTAS enquanto alternativa de organização para o conjunto da classe trabalhadora e, por conseguinte, para o projeto de unificação das lutas em torno de um programa classista. Nos últimos anos, a unificação sistemática das ações da CONLUTAS com as centrais governistas (CUT e CTB) foi o pior sintoma da degeneração política que este tipo de relação com a INTERSINDICAL poderia causar.

Já durante o processo de preparação dos congressos de Santos, a falta dos debates nas bases e a recusa da discussão programática também já davam a tônica da política desorganizadora e desastrosa que PSOL e PSTU forjavam nos acordos entre suas respectivas correntes. Nos acordos de cúpula celebrados entre PSOL e PSTU já havia sido definido de antemão a restrição da participação de uma fração inteira da classe trabalhadora: os estudantes, que puderam tirar apenas cerca de 120 delegados. Isso mesmo antes da deliberação congressual sobre o caráter da nova central.

Assim, o congresso da CONLUTAS foi construído com a presença de aproximadamente 1800 delegados, o que representou uma perda de mais de 30% em relação ao número de delegados dos congressos anteriores (Betim, com 2814 e Sumaré, com 2729). Já o CONCLAT teve cerca de 3100 delegados, o que representa um acréscimo de apenas 10% em relação ao penúltimo congresso da CONLUTAS em Betim, que não teve a presença do MTL. Ou seja, a política levada a cabo pelo PSTU durante praticamente todo o período de existência da CONLUTAS afastou a base para promover a unificação com um setor sem a menor representatividade na classe. E ainda assim (ou talvez por conta disso) fracassaram.

A INTERSINDICAL, para quem o PSTU armou a festa, assim como fez o acordo o desfez: pela cúpula. Saiu do CONCLAT sem nenhum ônus político, pois nunca teve base para prestar satisfações. Já o PSTU, além da desmoralização, liquidou a CONLUTAS na certeza da unificação e, no fim das contas, ainda teve a deserção da CST/UNIDOS como saldo. Mergulhou no ridículo ao afirmar a criação da fraude CONLUTAS-INTERSINDICAL e levou consigo, infelizmente, o crédito da classe trabalhadora numa central classista a ser construída a curto prazo.

Até as vésperas do CONCLAT, no derradeiro congresso da CONLUTAS, expusemos a crítica sempre afirmando que o resultado de tal oportunismo seria a destruição do projeto classista dos trabalhadores, tal como já denunciávamos desde 2006. Assim como nós, várias outras forças minoritárias que atuavam dentro da conlutas já indicavam o resultado dessa política oportunista. Assim, fica evidente que o PSTU não desconhecia a possibilidade do efeito desorganizador desastroso para a classe trabalhadora que essa fusão representava. Muito pelo contrário, não só o setor majoritário conhecia essa possibilidade como aceitou como plausível tal retrocesso na política classista desde que seus interesses estratégicos de aliança com o PSOL pudessem ser atendidos. PSTU e PSOL jogaram contra os interesses da classe trabalhadora assim como fizeram muitos PCs stalinistas pelo mundo e assim como fez e faz o PT desde seu surgimento até hoje.

A alma petista de PSOL e PSTU também se manifestou de outras formas, como a extrema burocratização e autoritarismo dos congressos, que cassou o direito a voz dos observadores, cobrou taxas exorbitantes para divulgação e venda de materiais políticos tinha como objetivo inocultável impedir a manifestação da base e de forças minoritárias; e a capitulação aos moldes burgueses, com a terceirização da organização dos eventos e a atuação constante de militantes do PSTU em defesa dos caprichos dos donos do centro de convenções, ameaçando militantes das forças minoritária com multas e outras punições pelo simples fato de expormos nosso material de propaganda em áreas que desagradavam aos proprietários burgueses.

O compromisso com as tarefas fundamentais da classe garantido pela base

Durante a história da CONLUTAS os militantes da UNIPA sempre afirmaram a necessidade da construção da central dos trabalhadores pela base. Nesse sentido atuamos na base de nossas categorias e nos organizamos dentro da CONLUTAS com outras forças minoritárias para defender este e outros pontos programáticos classistas. Este trabalho que assumimos permitiu um pequeno, mas significativo, acúmulo de forças nas bases de diversas categorias para propor a plenária de movimentos de oposição durante o CONCLAT.

Apesar da inferioridade numérica, sem dúvida foi dessa plenária que saiu a única proposta concreta de construção de uma alternativa à hegemonia governista que paralisa o movimento dos trabalhadores em todo o país. Composta por integrantes de oposições sindicais de base de várias regiões, a plenária assumiu para si a tarefa de defender a construção pela base de um instrumento classista de unificação das lutas do proletariado. Com a deliberação de criar meios de integração inicialmente das oposições ali presentes e realizar outras reuniões nacionais de oposições classistas e combativas.

A UNIPA desde 2006 apontou políticas necessárias para reconstrução do movimento sindical, particularmente. Apontávamos, e continuamos a afirma que a necessidade de um movimento sindical pela base que rompa com o legalismo, o corporativismo e a ilusão democrática burguesa da via parlamentar. Durante todos esses anos reafirmamos a necessidade de lutar contra a estrutura sindical e construir uma política efetiva de rompimento com o governismo e com o método de luta, pacifista e legalista. Uma vez que o setor majoritário só retrocedeu nestas políticas, ou sequer tentou implementá-las desde 2006, isso culminou na infeliz liquidação da Conlutas no deplorável congresso de Santos. Convocamos todas(os) para construir um forte movimento de construção do sindicalismo classista e combativo, pela base – organização por local de trabalho - que tenha como norte a política de anti-conciliação de classe, anti-governista, que lute para destruir o sindicalismo de estado – fim do imposto sindical por exemplo - e que não tenha como centro da ação política a luta parlamentar.



[i] Para acompanhar este debate ver os comunicados números 11, 19, 23, 24 e 25 e os números do jornal do “Causa do Povo” 24, 26, 28, 29, 37, 43, 48

Abaixo o Sindicalismo de Estado!

Construir um Sindicalismo Classista e Combativo!

Por um Movimento Nacional de Oposições Sindicais Populares Estudantis!

Santos - Junho de 2010

Como deliberação da Plenária em Santos as primeiras discussões são os documentos apresentados no CONCLAT e as avaliações dos militantes e grupos que participaram do congresso.