APRESENTAÇÃO

Este portal é fruto da Plenária dos Movimentos de Base realizado no Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT), nos dias 05 e 06 de junho de 2010 na cidade de Santos. O Fórum tem como objetivo organizar a luta dos trabalhadores pela base e por isso se constitui com ativistas, militantes, oposições e organizações por local de trabalho, estudo e moradia. Suas ações são pautadas no classismo e na solidariedade de classe, de modo a romper o legalismo e o corportivismo. Tal Fórum compreende a necessidade de um movimento de oposição pela base que seja anti-governista, combativo e classista, ou seja, não concilie com o governismo e lute pelo fim da estrutura sindical (imposto sindical, carta sindical e unicidade sindical).

“A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores”

sexta-feira, 21 de março de 2014

A Luta dos Trabalhadores da Indústria de Saneamento do DF e a Necessidade de Reconstruir um Sindicalismo Revolucionário

A greve é o começo da guerra social contra a burguesia, ainda dentro dos limites da legalidade... como método de luta eletriza as massas, orienta sua energia moral e levanta em seu coração a consciência do antagonismo entre seus interesses e os da burguesia... A greve é uma guerra e as massas populares não se organizam senão no curso e por meio da guerra que arranca cada trabalhador do isolamento ordinário. A guerra une-o a outros trabalhadores em nome de uma mesma paixão, de um único objetivo (...) As greves despertam nas massas populares os instintos sociais revolucionários que dormem no fundo de cada trabalhador, fazendo com que a propaganda entre eles seja extraordinariamente fácil... A greve é o melhor meio para arrancar os trabalhadores da influencia política da burguesia. Sim, as greves são uma grande coisa. Criam, multiplicam, organizam e formam os exércitos do trabalho, que devem quebrar e vencer a força do Estado burguês...” (Mikhail Bakunin, “Sobre las huelgas”)

O mês de fevereiro de 2014 ficará marcado na memória dos trabalhadores da indústria de saneamento do Distrito Federal. Não apenas como um mês de dor, pela perda de um irmão trabalhador vítima de um acidente de trabalho, mas também como um mês de luta e ação por justiça e melhores condições de vida. Ficará marcado também pelos importantes passos dados pelo SINDÁGUA-DF (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos) no sentido de aprofundar uma política classista e em defesa da ação direta dos trabalhadores.
Na primeira semana de fevereiro, mais precisamente em uma quinta-feira (06/02), o operário Luciano Almeida da Silva, de 36 anos, funcionário terceirizado da empresa GeoBrasil, morreu afogado enquanto fazia com mais cinco trabalhadores a manutenção em uma adutora da CAESB (Companhia de Saneamento Ambiental do DF) que havia rompido na avenida EPTG. Além de Luciano, um dos trabalhadores teve ferimentos leves, três ficaram com ferimentos graves (ficando diversos dias hospitalizados), e um deles felizmente ficou ileso. Segundo uma nota distribuída em um piquete de protesto organizado pelo Sindágua:
Os trabalhadores que sofreram essa barbaridade eram plantonistas e começaram a trabalhar às 7h da quarta-feira, deveriam ir para suas casas às 19h, termino do plantão. Entretanto, foram chamados para consertar a referida adutora durante toda a noite e madrugada até o segundo rompimento da rede na manhã de quinta feira. Dessa forma, Luciano e seus demais colegas de equipe trabalharam por 27 horas seguidas.
Ou seja, as condições impostas eram desumanas! E por isso revelam a face mais funesta e o objetivo maior da terceirização: a exploração de cada gota de suor e de sangue do trabalhador, para depois o descartar sem a menor garantia, seja demitindo ou até mesmo matando.
A morte de Luciano ocorreu em meio ao sensacionalismo da mídia e do Estado em torno da morte do cinegrafista no Rio de Janeiro, sedentos por um motivo para aumentar a repressão policial aos manifestantes, e como já era de se esperar nenhuma palavra sequer foi dada, nenhuma lágrima sequer foi rolada para o operário assassinado pelas péssimas condições de trabalho e pela superexploração. O “humanismo” da burguesia é realmente muito seletivo aos seus interesses: o que ocorreu no Rio de Janeiro foi uma “tentativa de assassinato”, e o que ocorreu ao operário morto na adutora da EPTG (e que ocorre todos os dias nos mais diversos cantos de nosso país) foi uma “fatalidade”, uma “exceção”.
Sabemos que Luciano não foi o primeiro trabalhador assassinado vítima das condições de trabalho impostas pelos patrões a fim de aumentar seus lucros. Milhares de outros trabalhadores morreram, foram mutilados ou feridos em condições parecidas, nas obras do PAC, canteiros de obras, nas obras dos estádios, nas fábricas, nas escolas. A burguesia sempre tratou de considera-los como meros números de estatísticas e se omitir da real origem desses acidentes de trabalho: não foram descuidos ocasionais, fatalidades, exceções. A mutilação do trabalhador é a regra do capitalismo. A cada dia o povo morre um pouco em seu trabalho, explorado pelo patrão. Volta para casa em um ônibus lotado, vendo seu suor e sua vida sendo extorquida para engordar meia dúzia de parasitas.
Mas os trabalhadores em saneamento do DF chegaram a conclusão certa: ninguém fará pelos trabalhadores o que só interessa a eles mesmos. Os patrões e o governo não lhes darão melhores condições de vida, eles terão que lutar para isso, terão de arrancar essas conquistas. Pela força se for necessário, e a força coletiva dos trabalhadores possui um grande poder. Por isso não podemos esperar nenhum pesar sincero por parte dos patrões e do Estado, esperaríamos por lágrimas de crocodilo. No entanto, por parte dos camaradas de trabalho, dos camaradas de sofrimento e de luta, é que devemos esperar sempre o sentimento sincero de pesar, de lembrança, e da força necessária para lutar por justiça e direitos. E foi isso que presenciamos nos dias que se seguiram após a morte do camarada Luciano.
A tragédia ocorreu um dia antes da abertura dos trabalhos do VIII CONSAN (Congresso dos Trabalhadores em Saneamento), este por sua vez pautou do início ao fim as origens da precarização do trabalho (seja para os efetivos ou terceirizados), os métodos de luta para combatê-la, as reivindicações, etc. Um dia após o Congresso, dia 10/02 (segunda-feira), o Sindágua organizou um protesto que reuniu cerca de 300 operários e paralisou as atividades da sede da CAESB. Na semana seguinte a mobilização da categoria continuou, e os trabalhadores dessa vez fecharam a mesma avenida (EPTG) com uma pequena barricada de paus, pneus e com faixas de protesto. Na ocasião, a assembleia que ocorria na porta da empresa, foi transferida para a rua. Nesses dois atos a presença dos terceirizados lutando ombro-a-ombro com os caesbianos foi nítida, demonstrando a ilusória e prejudicial divisão daquela categoria e, acima de tudo, a necessidade de unificação pela base. Como continuidade dessa mobilização, nos dias 06 e 07/03, a exatamente um mês da morte de Luciano, os trabalhadores terceirizados da empresa MPE cruzaram os braços, exigindo o fim dos atrasos no vale alimentação e transporte. Até agora os direitos ainda não foram pagos e novas paralisações e lutas ainda estão por vir.

  1. O Congresso dos Trabalhadores em Saneamento e a ação direta proletária: um contraponto a burocracia sindical do DF
O VIII Congresso das Trabalhadoras e Trabalhadores em Saneamento do DF (CONSAN) que ocorreu nos dias 07, 08 e 09 de fevereiro, reuniu delegados eleitos nas bases, membros da diretoria colegiada, e organizações e militantes apoiadores (dentre elas a Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC e o Fórum de Oposição pela Base –FOB), e teve como tema: “Organizar a classe trabalhadora para enfrentar o Capital”. Apesar de não contar com a ampla participação que aquele espaço merecia, o que evidencia uma necessidade constante de se avançar no trabalho de base, o Congresso contou com debates de altíssima qualidade. Na verdade, foi um momento central para os trabalhadores e os militantes debaterem não apenas as condições imediatas da categoria, mas para compreender como o sistema capitalista, a crise econômica, os conflitos entre as classes sociais e as formas como esses conflitos se desenvolvem, como todos esses elementos possuem impactos diretos sobre os operários da CAESB. A temática das “Jornadas de Junho” de 2013 esteve presente em quase todas as mesas e polêmicas.
Os encaminhamentos gerais do VIII CONSAN expressaram avanços importantes na concepção sindical classista e combativa dos trabalhadores do saneamento. Primeiramente, a política geral de unidade com os demais movimentos sociais, populares e estudantis foi mantida enquanto entendimento de que a classe trabalhadora está muito além da esfera regular e sindicalizada. Mais do que palavras mortas (como fazem os pelegos), todos estavam cientes e convictos que devem continuar essa política de solidariedade classista na prática.
Como desenvolvimento da crítica às divisões internas da classe trabalhadora ocasionadas pelas terceirizações e reproduzidas pela burocracia sindical, o CONSAN deu um passo fundamental em unir o que a burguesia e as burocracias separaram: deliberou por ampla maioria que o Sindágua está a serviço da luta dos trabalhadores em saneamento, sejam eles concursados ou terceirizados, e irá ajudar na organização da luta dos terceirizados. Se a terceirização é tão difundida por ser um mecanismo rentável à burguesia, é lutando pelos seus direitos que os próprios terceirizados estarão dando o melhor combate à raiz da terceirização.
Algumas outras deliberações marcaram a combatividade, independencia e solidariedade de classe dos trabalhadores em saneamento. Os delegados deliberaram por ampla maioria se unir aos movimento contra os efeitos dos megaeventos e apoiar a campanha “Não tem direitos? Não vai ter Copa!”. Outra importante deliberação foi a construção de um Seminário “Não Vote, Lute!” que debata as eleições burguesas de 2014 e a alternativa para a classe trabalhadora frente a farsa eleitoral. Além disso, será feita nesse primeiro semestre uma “Campanha regional contra o assédio moral e a repressão aos movimentos sociais e seus militantes”, tendo como objetivo dar continuidade a denúncia das perseguições políticas, do assédio moral no local de trabalho, bem como se solidarizar a esses militantes e trabalhadores perseguidos, tal como é o caso do histórico militante e perseguido político o professor Marcleo Rosseli.
Muito mais do que uma simples “palavra de ordem” ou discurso demagógico de burocratas, a ação direta dos trabalhadores que foi debatida no CONSAN foi também logo em seguida levada à prática nos atos que se seguiram em denuncia a morte do camarada Luciano e na própria greve dos terceirizados da MPE. Os trabalhadores passam a perceber que mais do que caos e destruição, e mais do que uma “tática” possível dentre várias outras (como buscam ressaltar os oportunistas), a Ação Direta é um princípio e uma estratégia de luta dos trabalhadores. Ela significa que os trabalhadores não esperam mais por políticos ou por nenhum salvador que não seja a sua própria luta e organização. Os trabalhadores através de sua ação direta (sem intermediários) irão tomar as rédeas de seu destino e combater seus inimigos (patrões, governos e burocracias). Isso é o que ocorreu nas Jornadas de Junho de 2013, e essa concepção é que devemos levar aos locais de trabalho.

  1. O desafio dos revolucionários frente ao avanço da repressão estatal e da crise de organização da classe trabalhadora

Em maio de 2013 ocorreu o primeiro treinamento das forças repressiva dos Estado nos centros de trabalho da CAESB. Segundo informações da imprensa burguesa: “Os exercícios (...) envolveram 120 agentes e militares das Forças Armadas, do Comando de Operações Especiais, do Corpo de Bombeiros, do Samu-DF e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)”. Além disso, ocorreu no dia 27 de novembro de 2013 a primeira reunião para tratar sobre a segurança pública nos dias de jogos da Copa do Mundo e empresas públicas estratégicas como a CAESB e CEB (Companhia Energética de Brasília) estavam presentes. A denuncia feita por trabalhadores de que a perspectiva do governo é ocupar militarmente os postos de trabalho da CAESB durante os jogos de Copa do Mundo é cada vez mais visível. A questão é: a repressão nacional a todo e qualquer protesto será a regra dos governos estaduais e federal e a Lei Geral da Copa é um instrumento legal para o “Estado de Sítio”.
Nesse sentido, os trabalhadores e militantes revolucionários terão grandes desafios mais também grandes possibilidades nesse ano de 2014. Se por um lado cresce a repressão, por outro e mais avassalador, cresce a revolta do povo contra suas péssimas condições de vida. Nas favelas, nos locais de trabalho, nas escolas, o povo desenvolve sua luta, enfrentando a repressão policial, a intransigência dos patrões e as burocracias sindicais e partidárias. Nesse momento, não podemos nem subestimar a repressão nem se aterrorizar e acha-la invencível, pois não é. O movimento sindical revolucionário, como dos trabalhadores em saneamento, deve aproveitar esse ano para aprofundar sua linha política classista e internacionalista, dar um passo a frente na aliança com os trabalhadores de outras categorias, com as oposições, e ser uma referencia de luta contra as burocracia sindicais e partidárias.
Por isso, devemos esse ano levantar em alto e bom som: Chega de ver seus nossos irmãos sendo mortos, demitidos injustamente, ver os salários atrasados por vários meses, não ter férias, Nós queremos receber um salário digno, a alimentação e o transporte de qualidade!
CAMARADA LUCIANO, PRESENTE!
VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS!
ABAIXO A TERCEIRIZAÇÃO E A PRIVATIZAÇÃO! NÃO PL 4330! NÃO ÀS PPP’s!
RECONSTRUIR O SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO!
VIVA OS TRABALHADORES EM SANEAMENTO E O SINDÁGUA-DF!

terça-feira, 18 de março de 2014

RAP GARIS INSURGENTES

A Luta por Transporte Público de Qualidade no DF!!!

No dia 17 de março @s trabalhador@s e estudantes do entorno do DF fecharam a BR-040 no entorno do DF em protestos pela melhoria do transporte público até o centro de Brasília. A superlotação dos ônibus e a péssima qualidade do transporte público foi o principal motivo para a revolta popular. 
Mais uma vez a polícia reprimiu os manifestantes que resistiram a ação da PM e da PRF. Dois ônibus foram queimados e outros apedrejados no confronto com as forças repressoras.
TODO APOIO A LUTA DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO ENTORNO DO DF! 

 

quinta-feira, 13 de março de 2014

REPRESSÃO AOS OPERÁRIOS DO COMPERJ



Na última quarta-feira, dia 12 de março, os operários do COMPERJ em greve a mais de 30 dias foram reprimidos pela Polícia Militar a mando dos governos e das empresas que prestam serviço para a Petrobras. Os trabalhadores enfrentam não só o Estado e o Patrão como o Sindicato, filiado a CUT, que estão ao lado dos patrões, contra os trabalhadores.

Avante Operários do COMPERJ!!!
Abaixo a Burocracia Sindical!!

Organização pela Base e Ação Direta!!!

terça-feira, 11 de março de 2014

Campanha Construir a Greve Geral

Panfleto do FOB para o dia 12/03: Lançamento da Campanha Construir a Greve Geral!  
Rumo à Greve Geral:
Se não vai ter direitos para o povo, Não vai ter Copa!


          Trabalhadores e trabalhadoras, estudantes, juventude, o povo! O ano de 2014 é um ano em que a agressão contra o povo se aprofunda. Os Governos de todos os Partidos (PT, PCdoB, PMDB, PSDB e etc.) estão atacando os direitos do povo trabalhador e explorado.
       As remoções acabam com o direito a moradia. O transporte precário, trens e ônibus lotados, em que passageiros são tratados como objetos sem valor. Milhões e milhões vão parar nos bolsos dos megaempresários. A violência e brutalidade policial contra os moradores de periferias e favelas avança. Querem impor uma ditadura para calar o protesto popular.
        As centrais sindicais e a grande maioria dos sindicatos estão de mãos dadas com os patrões e os governos. As centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical, CSP-Conlutas) se unem não para defender os trabalhadores, mas para defender os interesses dos governos. Impedem a luta dos trabalhadores como aconteceu com a greve dos professores e profissionais da educação do Rio de Janeiro e São Paulo. Como está acontecendo com os trabalhadores da Comlurb, os pelegos dos sindicatos querem que tudo fique no marasmo.
         Por isso é hora dos trabalhadores darem o troco. O Governo sacrificou todos os direitos básicos para fazer uma Copa do Mundo. Copa essa que vai dar muito dinheiro aos megampresários e as máfias do futebol. Enquanto isso o povo brasileiro sofre nos hospitais, nas ruas, com inundações e péssimos serviços. E quando protestam são acusados de criminosos e vândalos. Criminosos são os governos federal, estaduais e municipais. Eles são assassinos e ladrões. É hora de nos organizarmos para dar o troco. Precisamos realizar uma greve geral de protesto. Parar o trabalho nas lojas, nos restaurantes, nos ônibus, metros, aviões, fábricas, campos, escolas e universidades. É preciso parar o Brasil para dizer queremos nossos direitos. É preciso construir uma greve geral para junho de 2014, cruzar os braços e ir para ruas para protestas e exigir: saúde, educação, transporte, liberdade de organização.
        Vamos lutar por reivindicações que beneficiarão o povo trabalhador e explorado. Por isso exigimos:
 
1) aumento Geral dos Salários e do salário mínimo;
 
2) arquivamento do PL 4330 (projeto de lei que transformará os terceirizados em verdadeiros escravos); passe-livre irrestrito para todos os estudantes;
 
3) tarifa zero nos transportes urbanos sem subsídios às empresas;
 
4) assentamento de todas as famílias removidas em habitações populares dignas; 
paralisação imediata de todas as remoções em razão das grandes obras;
 
5) Demarcação da Aldeia Maracanã como terra indígena; arquivamento dos PL’s/ ADIN de revisão das demarcações das terras indígenas e quilombolas e conclusão de todas as demarcações suspensas por processos judiciais.
 
6) Educação: atendimento às pautas de reivindicação de docentes das universidades e escolas federais, estaduais e municipais relativas à carreira, salário e autonomia pedagógica.
 
7) Libertação de todos presos políticos e extinção de todos os processos criminais e administrativos; anulação da Lei Geral da Copa.
 
Se não temos esses direitos, não vai ter copa. Vamos parar o Brasil!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Trabalhadores do COMPERJ em GREVE!!!

Os trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) completaram 33 dias de greve nesta segunda-feira (10), quando a categoria realizou uma assembleia com cerca de 20 mil trabalhadores e, por unanimidade, manteve a paralisação. Os trabalhadores, assim como na greve dos professores do RJ de 2013 e dos Garis de 2014, enfrentam não só os patrões e o estado como a pelego Sindicato dos Trabalhadores do Plano da Construção, Montagem e Manutenção de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom), filiado a CUT, que representa os 29,2 mil trabalhadores do Comperj. Os operários já queimaram uma caminhonete em 5 de fevereiro, ainda nos primeiros protestos, e sofreram tentativas de assassinato com dois feridos atingidos por capangas.  
Os trabalhadores das obras do Comperj reivindicam:
  • reajuste salarial de 11,5%;
  • elevação do vale alimentação para R$ 450/Mês.
 TODO APOIO A LUTA DOS TRABALHADORES DO COMPERJ!! 
ABAIXO A BUROCRACIA SINDICAL!!! 
MOBILIZAÇÃO PELA BASE e pela via da AÇÃO DIRETA!!!!




sexta-feira, 7 de março de 2014

DA LINHA DE FRENTE NINGUÉM ME TIRA! 8 de Março – Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

DA LINHA DE FRENTE NINGUÉM ME TIRA! 
8 de Março – Dia Internacional da Mulher Trabalhadora
O capitalismo apenas concedeu às mulheres trabalhadoras a dupla-exploração e a superexploração. Ao passo que aumenta a participação das mulheres no mercado, cresce a informalidade\precarização entre elas. Essa tendência se intensifica em função da Copa, com as remoções e a especulação imobiliária, o deslocamento dos postos de trabalho, a instabilidade no emprego e o arroch­o salarial, que empurram ainda mais a mulher trabalhadora para a informalidade. As mulheres constituem grande parte do proletariado marginal e sendo parte da classe trabalhadora e oprimida, se indigna e luta.
Desde o início das jornadas de ju­nho em 2013 é nítida a predominância da estudantada e proletariado marginal nas ma­nifestações; logo, também é notória a parti­cipação das mulheres nos atos mais combati­vos e na linha de frente destes, atuando de forma intensa, contínua e crescente nas ruas, assumindo tarefas cada vez mais ousadas e ofensivas.
 Nas manifestações é evidente que os agentes de repressão do Estado têm como alvo tático as mulhe­res. Ademais da re­pressão violenta e generalizada nos atos, as detenções das ma­nifestantes, via-de-regra, são acompa­nhadas de assédio e abuso sexual, além de depreciação misó­gina. O Estado, reco­nhecendo nas mulhe­res uma ameaça ao sistema de exploração-opressão, tratou de recrutar um enorme con­tingente de policiais femininas, neo-capitãs do mato, para atuarem objetivamente contra as mulheres do povo.
Os inimigos de classe e seu "femi­nismo" burguês, apoiando-se e apoiados pela mídia (burguesa) de massa, ansiosos por en­quadrar as mulheres num ideal de feminili­dade, assustam-se ao ver corpos femininos reincorporando a agressividade e combativi­dade que a sistemática domesticação bur­guesa (e patriarcal) tentou aplacar. 
No campo, historicamente, as mulhe­res desempenharam papéis decisivos na luta pela terra. São incontá­veis as lideranças cam­ponesas mulheres atu­antes e alarmante é o número destas assassi­nadas pelo Estado e pelo latifún­dio\agronegócio. Tam­bém, nota-se que na medida em que os dife­rentes povos indígenas reconhecem a impor­tância da mulher não apenas na organização interna de suas comunidades, mas na for­mulação de estratégias de luta por direitos e território, avançam mais consistentemente em direção aos seus objetivos. Ao longo dos últimos anos, as mulheres indígenas vêm se destacando como referência política inclu­sive para os não-índios.  
A cultura da subserviência sexual e de violência doméstica\familiar também servem como dispositivos de amansamento da mu­lher proletária, consequentemente são ferra­mentas de dominação de classe. Portanto, é preciso apontar que o opressor machista age indiretamente em favor dos exploradores. Neste sentido, é urgente combater o ma­chismo que se manifesta também no seio da classe trabalhadora. Ele age para nos divi­dir. Não se pode reivindicar o classismo sem incorporar a luta pela emancipação inte­gral da mulher (econômica, política, sexual, cultural e etc.). O povo só se liberta quando todas suas frações e grupos se libertam.
Nos primeiros grandes atos de 2013, parte dos manifestantes, tomados por senti­mentos paternalistas, clamavam às comba­tentes que recuassem. Mas, com a progressão dos atos e com a intransigência destas mu­lheres, que não admitem serem me­ras espectadoras de suas próprias batalhas, coube aos homens dizer “Avante, lutadoras!” e marchar ao lado delas, confiantes, ombro-a-ombro, rumo à emancipação integral do proletariado e de suas frações marginais.
Da linha de frente ninguém me tira” é a resposta das mulheres combativas ao Es­tado e ao machismo. Não basta apenas mo­bilizar as mulheres para que tomem as ruas, mas exigir dos homens que as reconheçam como companheiras de luta e heroínas do povo, que as respeitem e que se solidarizem a elas, em toda parte e sempre. Homens e mulheres trabalhadoras: somos uma só classe!




Avante mulheres Black Blocs!
Pela construção de comitês de autodefesa das mulheres!
Combater o machismo é tarefa revolucionária!
NÃO VAI TER COPA!!!

ASSINAM ESSE MANIFESTO:
Fórum de Oposições pela Base – FOB
Rede Estudantil Classista e Combativa – RECC
Aliança Classista Sindical – ACS
Oposição de Resistência Classista – ORC
Coletivo Aurora
Liga Sindical Operária e Camponesa – LSOC






sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Relato de Invasão de Fazendeiros na FUNAI (Campo Grande - MS).


         Em 19 de novembro deste ano, véspera do dia da Consciência Negra, o agronegócio confirma sua ferocidade antiindígena durante invasão da Funai em Campo Grande/MS. Enquanto setores paragovernistas acusam o governo federal de omissão no que tange a demarcação das terras indígenas, nós afirmamos: tal morosidade é deliberada, intencional e coerente com a política neo-desenvolvimentista imposta em favor da velha oligarquia rural consorciada com multinacionais da agroindústria.

Solidarizamo-nos com os povos indígenas na luta pela terra e exigimos imediata devolução de seus territórios! VIVA A RETOMADA!!!

             Solidarizamo-nos, também, com os funcionários da Funai – concursados ou não - que, distintamente da alta burocracia do Estado, enfrentam no cotidiano de trabalho intenso assédio moral e ameaças por parte do latifúndio/agronegócio e seus burocratas, sob condições precárias de trabalho (dado o proposital sucateamento daquela autarquia) e perda progressiva de direitos trabalhistas.
          Urge que este setor rompa com o sindicalismo de Estado e com o governismo, a fim de construir formas eficazes de luta e autodefesa, necessariamente orientados em favor da luta pela terra. Obviamente, reconhece-se que tal condição não se compara ao sofrimento dos povos indígenas, mas a luta de uma fração da classe trabalhadora não pode se alhear da luta pela terra, pois o inimigo é um e a guerra é a mesma.

PELA AUTODETERMINACAO DOS POVOS INDIGENAS! VIVA À RETOMADA! 

PELO AUTOGOVERNO DA CLASSE TRABALHADORA!

CONSTRUIR AS AUTO-DEFESAS DOS TRABALHADORES URBANOS E RURAIS, POVOS INDÍGENAS, QUILOMBOLAS E CAMPONESES!

VIVA A ALIANÇA CAMPO E CIDADE ! AVANTE A LUTA POR TERRA E LIBERDADE!



Segue relato* sobre a invasão dos fazendeiros à Coordenação Regional da FUNAI em Campo Grande-MS

            Um dia após o anúncio do início das doações de cabeças de gado para a realização do leilão que pretende arrecadar fundos para a contratação de milícias para promover o genocídio indígena no MS (como se a contratação de empresas de capangas já não fosse uma prática arraigada entre os autoproclamados produtores deste Estado), os latifundiários decidiram começar a dar provas de seu poder de fogo e de sua certeza de impunidade. Enquanto alguns deles se reuniam com o Governador André Puccinelli e demais representantes políticos do agronegócio, para acordar os detalhes da viagem que farão a Brasília, no próximo dia 21, com o objetivo de pressionar o Governo Federal em relação à questão fundiária, outros, acompanhados por centenas de pequenos produtores, oriundos em sua maioria do sul do Estado – cooptados por alienação ou por interesses escusos - ocuparam o prédio da Coordenação Regional da FUNAI na capital e fecharam a Rua Maracaju, onde se localiza a Fundação, por aproximadamente quatro horas.
         Os servidores trabalhavam, por volta das 08:30, quando visualizaram o início da aglomeração em frente ao prédio. Antes que tivessem tempo de ao menos entender o que se passava, um grupo de dezenas de fazendeiros tomou a recepção, na tentativa de forçar a entrada. Os funcionários passaram, então, a ouvir constantes ataques verbais e provocações que se dirigiam tanto ao Órgão, quanto insultos pessoais e de baixo calão. A situação se agravou no momento em que se propôs ao grupo que dessem prosseguimento à manifestação na rua, mas desocupassem a portaria. Os ânimos se exaltaram e, com gritos de “vamos invadir igual os índios fazem nas nossas terras”, empurrando quem estivesse no caminho, ocuparam todo o corredor de entrada do térreo.
        Sobretudo a partir desse momento, ficou evidente que os pequenos produtores estavam sendo utilizados como mera massa de manobra pelos latifundiários. O discurso previamente combinado se pautava pela suposta defesa dos direitos daqueles frente aos “abusos cometidos pela FUNAI e pelas ONGs”, que, conforme os proprietários do Estado seriam as responsáveis pelas retomadas promovidas legítima e autonomamente pelos povos indígenas. O fato que esses pequenos produtores, chacareiros e sitiantes parecem ignorar é que o agronegócio monocultor, exportador, concentrador de terras e renda, financiado pelas transnacionais fabricantes de agrotóxicos, que vem há décadas promovendo o sistemático assassinato de lideranças indígenas e de qualquer um que se oponha aos seus interesses, em sua infinita necessidade de acumulação de capitais, é também inimigo da pequena propriedade rural. Estes homens e mulheres, verdadeiros trabalhadores do campo - assim como assentados, indígenas, quilombolas e ribeirinhos - que hoje se posicionaram ao lado dos latifundiários, correm o grande risco de se verem igualmente engolidos pelo latifúndio, restando-lhes apenas a alternativa de migrarem para as periferias das cidades ou se transformarem em sem-terras.Daí, sim, o Brasil verá a sua classe produtora arruinada, pois não é à base dos grãos e das comoditties exportadas pelo agronegócio que a nação se alimenta, mas com os produtos semeados nas pequenas e médias propriedades.
              As agressões não pararam: servidores, indígenas e não indígenas, indignados com as falas falaciosas e ofensivas contra os povos originários, tentaram em vão argumentar razoavelmente, sendo quase agredidos fisicamente; um indígena Terena que prestava declarações a uma equipe de televisão por pouco não foi atingido por uma garrafa térmica manejada por um fazendeiro de Laguna Caarapã, na intenção de impedir que a entrevista ocorresse; o mesmo fazendeiro, ao ser interpelado verbalmente por um servidor por conta de sua atitude violenta, tentou quebrar o equipamento de vídeo que este portava. Sucederam-se ainda diversos discursos de incitação a ações de retaliação aos indígenas e aos defensores de seus direitos, sempre ao som do Hino Nacional, repetido à exaustão, como manda a etiqueta de qualquer manifestação fascista que se preze.
             Merece destaque também o comportamento das forças policiais durante o ocorrido. Menos de dez agentes da Polícia Militar foram deslocados para garantir a integridade dos servidores e se portaram de maneira bem distinta daquela a que a sociedade está acostumada quando o assunto é coibir manifestações populares: nada de Tropa de Choque, nada da truculência, balas de borracha ou spray de pimenta. O que se viu foi uma atitude de quase camaradagem com os invasores (permito-me aqui lançar mão do jargão dos donos do poder) ou até mesmo um certo tom de respeito silencioso aos nobres donos do Estado.
            Resta questionar qual teria sido a atitude dos mantenedores da Lei e da Ordem se, no lugar de um protesto organizado por milionários, tivéssemos uma manifestação de indígenas, sem-terras, ou quaisquer outros grupos que não detenham o poder econômico. Os Amarildos e Oziéis, que insistem em cometer o hediondo crime de nascerem pretos, pobres e índios nesta democracia de gangsters, poderiam dar resposta a essa indagação, caso já não estivessem eternamente silenciados.
            A “manifestação pacífica”, conforme a qualificou a mesma imprensa que costuma chamar de vândalos e baderneiros os trabalhadores e estudantes que saem às ruas em oposição às verdadeiras injustiças sociais, teve fim por volta das 13:00h, com a desocupação do prédio e o final antecipado do expediente para os servidores.
           O recado dado nessa manhã de ignorância, bestialidade e covardia foi bastante claro: eles sabem muito bem que são os donos das terras, do dinheiro, da mídia e de boa parte do Governo – que, só neste ano, destinou cento e trinta e seis bilhões de Reais para engordar os bolsos do latifúndio, via Plano Safra, enquanto deixa a FUNAI à míngua com orçamentos cada vez mais diminutos - e sua capenga Justiça, e não descansarão até que todo o país se transforme em terra arrasada por sua monocultura devastadora
           Aos que se opõem a tal plano, restam duas opções: continuar com seus discursos de panos-quentes, concordando com a estúpida política de conciliação de classes adotada pelo Governo burguês, ou assumir a tarefa da resistência e da luta frente às violações praticadas em nome do desenvolvimentismo capitalista.


Campo Grande-MS, 19 de novembro de 2013

*O relato acima foi redigido por pessoa que estava presente no local durante os acontecidos, mas prefere não se identificar por questões de segurança
 
segue link de vídeo de fazendeiros destilando seu ódio e preconceito contra os indígenas.